sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ilha de Moçambique

A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, na região norte de Moçambique. Foi a primeira capital e deu o nome ao país.

Devido à sua rica história, manifestada por um interessantíssimo património arquitectónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade.
O seu nome, que muitos nativos dizem ser Muipiti, parece ser derivado de Mussa-Ben-Bique, ou Mussa Bin Bique, ou ainda Mussa Al Mbique, personagem que deu o nome a uma nova universidade, sediada em Nampula.

Arquitectonicamente, a Ilha está dividida em duas partes, a "cidade de pedra" e a "cidade de macuti", a primeira com cerca de 400 edifícios, incluindo os principais monumentos, e a segunda, na metade sul da ilha, com cerca de 1200 casas de construção precária. No entanto, muitas casas de pedra são igualmente cobertas com macuti (material tradicional de construção que consiste em tiras de folhas de coqueiro espalmadas, utilizadas ainda hoje para cobertura de casas, em África e universalmente em países tropicais, onde quer que abunde a planta)




A Ilha de Moçambique está ligada ao continente por uma ponte com cerca de 3 km de comprimento, construída nos anos 60. É constituída por uma via apenas, permitindo a passagem de um só sentido de cada vez. No entanto a vista que se pode ter é simplesmente magnífica.







A Ilha de Moçambique ganhou uma importância estratégica como escala de navegação da carreira da Índia que ligava Lisboa a Goa, tornando-se um dos pontos de encontro das embarcações eventualmente desgarradas na viagem de ida, assim como porto de ancoragem das que eventualmente se atrasassem e perdessem a monção. Onde na Ilha é hoje o Palácio dos Capitães-Generais, fizeram os portugueses a Torre de São Gabriel no ano de 1507, data em que ocuparam a Ilha, construindo a pequena fortificação que tinha 15 homens a proteger a feitoria nela instalada.
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da ilha, a mais próxima da Ilha de Goa, é o único exemplar de arquitectura manuelina em Moçambique.









Em 1558 principiou a construção da Fortaleza de S. Sebastião - totalmente com pedras que constituíam o balastro dos navios, algumas das quais ainda se vêem na praia próxima - que só terminou em 1620 e é a maior da África Austral. Esta fortaleza era muito importante, porque a Ilha tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau preto de África, e era da Ilha que partiam todas as viagens comerciais para Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço Marques e os árabes não queriam perder os privilégios comerciais que tinham adquirido ao longo dos séculos.
Para além dos portugueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida pelo controlo das rotas comerciais. Os franceses conseguiram assumir o papel de intermediários do negócio da escravatura para as ilhas do Índico, os ingleses começavam a controlar as rotas de navegação nesta região e s holandeses tentaram a ocupação da Ilha em 1607-1608 e, não o conseguindo, devastaram-na pelo fogo.
A exportação de escravos era o principal comércio da ilha, tal como a do Ibo mas a Independência do Brasil em 1822, que era o principal destino deste comércio, voltou a deixar a ilha no marasmo. O golpe final foi a passagem da capital da colónia para Lourenço Marques, em 1898. Depois da abertura do porto de Nacala, em 1970, a ilha perdeu o que restava da sua importância estratégica e comercial.

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